Formação de ENFERMEIROS em Portugal
- Tatiane André
- 6 de ago. de 2017
- 3 min de leitura
Na área da saúde, a formação dos enfermeiros tem ganhado ênfase, principalmente pela proximidade que existe entre os contextos de aprendizagem e a necessidade de resolução de problemas na prática clínica diária.
Assim, com intuito de melhorar e aperfeiçoar a formação do enfermeiro, em Portugal houve significativas mudanças no campo das políticas educacionais, desde o primeiro curso criado no século passado.
A formação em enfermagem desempenha um papel importante e vital que não se pode apartar-se dela. A formação não se adquire por acumulação de cursos e diplomas mas sim nos locais de integração de ensino e serviço onde deve ser implementada a maior parte das ações de formação, pela interação entre os saberes e as práticas do diaadia.
Na UALg, o curso tem uma estrutura curricular com formação em quatro anos, com disciplinas que consistem em unidades curriculares de ensino teórico e teórico-prático além de ensino clínico. O currículo possui, ao longo da formação, os ensinos clínicos específicos a partir do segundo período, nas áreas médica, cirúrgica, saúde materna e obstetrícia, saúde infantil e pediatria, saúde mental e psiquiatria, saúde comunitária, finalizando com o ensino clínico de integração à vida profissional no oitavo período, que inclui a elaboração de trabalho de fim de curso em articulação teoria/prática.
A formação inicial em enfermagem do enfermeiro, tem duração de quatro de anos, que articula uma carga horária, onde tem-se dois momentos de ensino-aprendizagem diferentes: o ensino teórico e o ensino clínico. Todavia, a diferença destes dois conceitos, ensino clínico e estágio, é estudado por Fonseca (2006), que considera que no estágio os alunos adquirem e desenvolvem competências para o meio profissional, e no ensino clínico adquirem e desenvolvem habilidades e capacidades para a prática de enfermagem.
É importante destacar que entre as disciplinas oferecidas no curso de Enfermagem da UALg, não existe grandes diferenças entre a Enfermagem no Brasil e em Portugal. Porém, ressalto que, em Portugal, os estudantes de enfermagem realizam as suas atividades no campo prático, sob supervisão direta de um enfermeiro integrante da equipe de determinada unidade, embora sob responsabilidade docente.
Isso acontece por causa da forma de ensino clínico recomendada nas diretrizes de formação europeia referente ao reconhecimento das qualificações profissionais, que coloca o ensino clínico como um aspecto da formação em enfermagem por meio do qual o acadêmico “aprende, no seio de uma equipe e em contato direto com um indivíduo em bom estado de saúde ou doente e/ou uma coletividade, a planejar, dispensar e avaliar os cuidados de enfermagem globais requeridos, com base nos conhecimentos e competências adquiridas”; e assim, aprende não só a trabalhar em equipe, mas também a dirigir uma equipe e a organizar os cuidados de enfermagem, incluindo a educação para a saúde destinada a indivíduos e a grupos da instituição de saúde ou da coletividade.
Assim, ao analisar essa estrutura de ensino, pode-se destacar alguns benefícios para a formação, pois, permite que o acadêmico desenvolva a autonomia profissional, o olhar ampliado e o senso do trabalho em equipe, por serem as exigências de tal forma maiores, pelo fato de cada aluno ter um enfermeiro em exclusivo. Porém, sabe-se que o maior déficit desta metodologia de ensino, diz respeito às características deficitárias nas formas subjetivas e individualizadas de avaliação de cada enfermeiro, sendo uns mais árduos e outros mais flexíveis, o que acaba por beneficiar/prejudicar os estudantes.
Todavia, o desenvolvimento do processo de aprendizagem é também supervisionado/acompanhado pelo docente da Escola, através da observação do desempenho acadêmico e reuniões de trabalho com os envolvidos no processo ensino-aprendizagem: o estudante, o enfermeiro orientador da prática e o professor, a quem compete a responsabilidade da avaliação final do aluno.
Nesse sentido, tem sido importante conhecer as articulações socioculturais nas práticas educacionais de formação do enfermeiro. Assim, corrobora-se a premissa de que, cultura, saúde e enfermagem são instâncias profundamente ligadas, e não há como se falar de enfermagem se não considerarmos a cultura e as políticas de saúde, assim como fazer enfermagem é fazer-se dentro do contexto da saúde e da cultura.
Espero que tenham gostado e até o próximo!
Beijinhos :)



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